A ergonomia da atividade possui conhecimentos teóricos e metodológicos que possibilitam a análise do trabalho, com a busca de sua melhoria, a partir de sua compreensão (ALVES, 2018). A pesquisa foi desenvolvida a partir do método quantitativo, e possui como fins a pesquisa descritiva. Quanto aos meios, esta pesquisa classifica-se como um levantamento de dados. A fim de alcançar o objetivo proposto foi analisada a percepção que os servidores públicos efetivos, integrados por professores e técnico-administrativos em educação, possuem sobre o fator ‘existe individualismo no ambiente de trabalho’. Este fator foi proposto pela Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho e aplicado em uma Instituição Pública de Educação Profissional sediada no Distrito Federal. Há nesta Instituição 1.294 servidores públicos efetivos e a pesquisa alcançou uma amostragem probabilística de 32,77% deste universo, com 424 servidores públicos efetivos respondentes. A pesquisa foi aplicada nos dez campi da instituição mais a Reitoria. Adotaram-se para as médias do somatório dos escores do fator ‘existe individualismo no ambiente de trabalho’ os pontos de corte ≤ 2,29 para classificar as respostas em nível satisfatório, ≥ 2,30 e ≤ 3,69 em nível crítico e ≥ 3,70 em nível grave (FERREIRA; MENDES, 2008).A pesquisa identificou que o fator ‘existe individualismo no ambiente de trabalho’ na instituição pesquisada possui média de 3,21, desvio-padrão 1,10, mediana 3, Intervalo interquartílico 4, se encontra em situação crítica, o que evidencia um estado de alerta, que exige ações mediatas a curto e a médio prazo para eliminar ou pelo menos minimizar danos aos trabalhadores ou à instituição.   A percepção crítica de individualismo no ambiente de trabalho em todas as onze unidades analisadas da instituição pesquisada é preocupante.  O teste de diferença de médias (ANOVA a um fator), que compara as médias de cada campi por item, identificou o valor de p 0,005, que permite afirmar que as médias entre os campi são estatisticamente diferentes. Isto requer atenção dos administradores educacionais quanto às especificidades de cada unidade, para que possam haver ações que efetivamente possam integrar as atividades e superar a constatação de individualismo no ambiente de trabalho. Pina e Stotz (2014) destacam a existência de riscos à saúde e no desenvolvimento disseminado de estresse, esmorecimento ou sofrimento nos servidores públicos, caso não sejam realizadas adequações na organização do ambiente de trabalho. Por fim, o estudo identificou consonância de individualismo no ambiente de trabalho da instituição pesquisada com as tendências atuais do mundo do trabalho que idealiza um individualismo profissional em contraposição à idealização organizacional. Essa tendência pode estar atrelada a diferentes fatores, tais como a descartabilidade nas relações, os relativismos éticos, as inversões de valores, a necessidade de condutas de autoproteção ou enfrentamentos no ambiente de trabalho, dentre outros aspectos. (ALENCAR; SANTOS; ARAÚJO, 2020). Por isso, a associação dessa pesquisa com o ensino técnico e tecnológico é fundamental para o preparo satisfatório de estudantes, que sejam capazes de administrar adequadamente a interculturalidade vivenciada no contexto de trabalho, que exige assertividade com a pluralidade existente.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, A. V. C.; SANTOS, A. C. B. DOS; ARAÚJO, A. A. A psicodinâmica do trabalho como lente teórica para o estudo do gerencialismo flexível. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, p. 1–28, 2020.

ALVES, W. F. A invisibilidade do trabalho real: o trabalho docente e as contribuições da ergonomia da atividade. Revista Brasileira de Educacao, v. 23, 2018.

FERREIRA, M. C.; MENDES, A. M. Contexto de Trabalho. In: Medidas do Comportamento Organizacional: Ferramentas de Diagnóstico e de Gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 111–123.

PINA, J. A.; STOTZ, E. N. Intensificação do trabalho e saúde do trabalhador: uma abordagem teórica. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 39, n. 130, p. 150–160, 2014.